Dr. Joaquim Fernandèz Solà |
(Conclusão da editora deste blog: Em 2009 já havia médicos conceituados com uma perspectiva mais actualizada sobre estas doenças do que alguns médicos têm em 2015.
A fibromialgia é considerada uma DOENÇA pela Organização Mundial de Saúde desde 1992. Embora exista controvérsia, os resultados das investigações indicam, com bastante consenso que a sua origem é neurológica e que a dor resulta de desequilíbrios neuroquímicos ao nível do sistema nervoso central.)
A entrevista, a fibromialgia mais visível
entrevista conduzida por Montse Jené
MJ- Há diferença entre fibromialgia e síndrome de fadiga crónica? Qual é e como definimos estas doenças?
Dr. Joaquim Solà- São duas doenças que têm critérios de definição médica diferentes.
A fibromialgia (CID 10 M79.7) é um transtorno neurológico, na qual o cérebro percebe mal a dor. Toda a percepção da dor fica alterada convertendo-a em contínua, inadequada e incapacitante. É excessiva e impede-te de seres activo. Quanta mais actividade tens, mais dor aparece, em todo o corpo. É uma dor generalizada, diferente de qualquer outro tipo de dor. É uma dor de origem neuropática (gerada no cérebro) e que tem uns canais de amplificação através de certas vias, que faz com que o doente, em determinada situação, sinta mais dor do que deveria.
A fadiga crónica (CID 10 G93.3) consiste na mesma alteração cerebral de percepção, mas neste caso relativo ao cansaço, à fadiga, ao não conseguir manter uma actividade física, intelectual ou psíquica e que também se sente excessivamente. Todos nos cansamos mas estes doentes sentem muito mais o cansaço, mais rapidamente, o que os impede de manter a sua actividade normal e, por isso, deixam de fazer muitas coisas. Não é que não queiram fazer coisas, não conseguem fazer essas coisas.
Infelizmente, fadiga e dor acompanham-se. Começa uma, aparece a outra e, por isso, dizemos que convergem. São duas doenças que começam com critérios diferentes mas, o que estamos a confirmar é que, ao fim de pouco tempo, a pessoa que tem uma doença acaba por ter a outra.
MJ- Diz-se sempre que é muito difícil de diagnosticar. Com o tempo e a experiência o diagnóstico é mais rápido?
Dr. Joaquim Solà- O diagnóstico é clínico, quer dizer, baseia-se nos sintomas. Até ao momento não conseguimos descobrir nenhum marcador - como é habitual noutras doenças - que permitam obter um diagnóstico perfeitamente fiável.
Na fibromialgia existe um determinado tipo de dor, generalizada, presente nos 4 quadrantes do corpo e que é estimulável. O médico pode explorar uns determinados pontos, induzindo dor, por exemplo, através de pressão exercida com o dedo. Este é o procedimento consensual da Organização Mundial de Saúde para diagnosticar a doença e é muito fiável.
Na fadiga crónica deve existir um cansaço persistente (por mais de 6 meses), que afecte a pessoa a todos os níveis, que não lhe permita fazer nem metade das suas actividades quotidianas e que, para além disso, existam outros sintomas como o cansaço intelectual, dor de cabeça, transtornos do sono e também sintomas de inflamação, por exemplo faringite, mialgias, gânglios cervicais e febricula (febre ligeira, passageira).
Quer dizer, este transtorno traduz-se numa síndrome, um conjunto de sintomas e sinais que o acompanham. Isto não é difícil de diagnosticar. Qualquer profissional pode fazer a aplicação correcta destes sintomas. O que acontece é que tem havido reticências em aplicá-los, ou seja, não tem sido fácil que o colectivo médico realize este processo de diagnóstico correctamente.
Deve fazer-se também um diagnóstico diferencial para descartar outras causas de dor ou de fadiga. Isto traduz-se num atraso no diagnóstico, dificuldade que pouco a pouco se vai ultrapassando. Em todo o caso não me parece que o diagnóstico correcto destas doenças seja difícil.
Edição, redacção e tradução do catalão para castelhano por Fibromialgia Noticias
Tradução revista pelo Dr. Joaquim Fernàndez Solà
Tudo o que li o que o doutor poblicou eu tenho infelizmente
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