Data: 17 de Maio de 2015
Fonte: American Pain Society
A fibromialgia é a segunda mais comum desordem reumática, logo a seguir à osteoartrite. Ainda assim continua extremamente mal compreendida. Hoje é considerada uma desordem do sistema nervoso central, crónica, responsável pela amplificação de dor que dispara por todo o corpo dos que sofrem desta doença.
O Dr. Daniel Clauw, professor de anestesiologia na Universidade do Michigan, analisou a base neurológica da fibromialgia durante uma sessão plenária do Meeting Científico Anual da Sociedade Americana da Dor.
"A fibromialgia pode ser encarada tanto como uma doença por si só, como o resultado de um caminho de centralização de dor e cronificação. A maior parte das pessoas com esta condição tiveram longas vidas de dor crónica por todo o corpo", diz o Dr. Clauw. "Esta condição pode ser difícil de diagnosticar se o médico não estiver familiarizado com os sintomas clássicos e porque não há uma causa única nem sinais exteriores da mesma."
O Dr. Clauw explicou que a dor da fibromialgia é proveniente mais do cérebro e da medula espinal do que das áreas do corpo onde se sente dor periférica. Acredita-se que esta condição esteja associada com distúrbios no processamento da dor e outras sensações periféricas, no cérebro. Os médicos devem suspeitar de fibromialgia em pacientes com dor multifocal (principalmente músculo-esquelética) que não seja explicada por ferida ou inflamação.
"Como os canais de dor por todo o corpo estão amplificados nos pacientes com fibromialgia, a dor pode ocorrer em qualquer sítio, então, dor de cabeça crónica, dor visceral e hiper responsividade sensorial, são comuns nas pessoas com esta dolorosa condição", diz o Dr. Clauw.
"Isto não implica que o input nociceptivo periférico*1 não contribua para a dor sentida pelos pacientes com fibromialgia, mas eles sentem mais dor do que seria normalmente expectável pelo grau deste input periférico. As pessoas com fibromialgia e outros estados de dor caracterizados pela sensibilização, irão sentir dor através do que outros, sem esta condição, descreveriam como toque", acrescentou o Dr. Clauw.
Devido à origem no sistema nervoso central da dor na fibromialgia, Clauw diz que tratamento com opiáceos ou outros analgésicos narcóticos, não produzem, normalmente, resultados porque não reduzem a actividade dos neurotransmissores no cérebro. "Estas drogas nunca se mostraram eficazes nos pacientes com fibromialgia, antes pelo contrário, existem provas de que os opiáceos podem piorar os sintomas da fibromialgia e outras condições de dor centralizada", disse.
O Dr. Clauw aconselha os médicos a integrarem tratamentos farmacológicos, como a gabapentina, os tricíclicos e inibidores selectivos da recaptação de serotonina, com abordagens não farmacológicas tal como terapia comportamental cognitiva, exercício físico e redução de stress.
"Por vezes, a magnitude da resposta ao tratamento com terapias não farmacológicas e baratas, excede a do tratamento farmacológico", disse o Dr. Clauw. "O maior benefício é a melhoria da funcionalidade, o que deveria ser o objectivo principal do tratamento para qualquer condição com dor crónica. A maioria dos pacientes com fibromialgia podem ver melhoria nos seus sintomas e viver vidas normais com a medicação correcta e com uma utilização importante das terapias não farmacológicas."
17 de Maio de 2015
Tradução livre de 'fibromialgia em PT'
Notas
ASPECTOS BÁSICOS DA DOR MUSCULAR
As perturbações músculo-esqueléticas são a principal causa de dor na população.
A dor muscular e a dor cutânea são objectiva e subjetcivamente distintas, sendo que a dor muscular é pungente (semelhante a uma cãibra) e referida a estruturas somáticas profundas, enquanto a dor cutânea é aguda e lancinante. Os nociceptores musculares são terminações nervosas livres que estão conectadas ao SNC por finas fibras mielinizadas (grupo III) ou não mielinizadas (grupo IV), compreendendo receptores mecanosensíveis de alto limiar e de baixo limiar (presumivelmente não-nociceptivos).
O input nociceptivo do músculo produz mais alterações neuroplásticas centrais que o da pele, sendo que para cada input de longa duração, aumenta a excitabilidade dos neurónios centrais levando a dor, hiperalgesia, e dor referida, esta última provavelmente devido a abertura de sinapses silenciosas.
@ APED - Associação Portuguesa para o Estudo da DorA dor muscular e a dor cutânea são objectiva e subjetcivamente distintas, sendo que a dor muscular é pungente (semelhante a uma cãibra) e referida a estruturas somáticas profundas, enquanto a dor cutânea é aguda e lancinante. Os nociceptores musculares são terminações nervosas livres que estão conectadas ao SNC por finas fibras mielinizadas (grupo III) ou não mielinizadas (grupo IV), compreendendo receptores mecanosensíveis de alto limiar e de baixo limiar (presumivelmente não-nociceptivos).
O input nociceptivo do músculo produz mais alterações neuroplásticas centrais que o da pele, sendo que para cada input de longa duração, aumenta a excitabilidade dos neurónios centrais levando a dor, hiperalgesia, e dor referida, esta última provavelmente devido a abertura de sinapses silenciosas.
Parte do "Livro Fibromyalgia & Other Central Pain Syndromes", em inglês, por Daniel J. Clauw e Daniel J. Wallace, de 2005
Não sei de onde vem essa dor. Na minha visão, é uma depressão em forma de dor. No meu corpo a dor que mais me perturba é quando ela pega todo meu abdômen, isto é, toda a musculatura do abdômen e não em órgãos internos.
ResponderEliminarAcredita que ainda fiquei feliz quando fui diagnosticada com fibromialgia, pois como tinha falta de equilíbrio achei que estava com esclerose múltipla.
Suzane- São Paulo