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5 de junho de 2015

Terapia com animais reduz a dor na fibromialgia




Se tem fibromialgia sabe que não há melhoras rápidas. Esta doença precisa de um tratamento combinando vários tipos de terapia incluindo: medicamentos, exercício, plano alimentar e terapias alternativas. A maior parte das pessoas com fibromialgia usa terapias alternativas e complementares para aumentar os benefícios da medicina tradicional. Um estudo feito pela Mayo Clinic descobriu que as terapias complementares mais comummente usadas são: exercício, tratamento espiritual, massagem, tratamento quiroprático e suplementos alimentares.

Outra terapia complementar é a terapia com animais. Esta usa animais, claro, para providenciar benefícios terapêuticos a pessoas com um vasto leque de problemas de saúde. Tipicamente são usados cães treinados para serem obedientes, calmos e que transmitam conforto. A investigação comprova que passar algum tempo com um animal amigável causa mudanças profundas a nível físico e biológico:
  • a frequência cardíaca e a pressão arterial diminuem
  • a velocidade da respiração diminui
  • as hormonas ligadas ao stress, como o cortisol, reduzem
  • os analgésicos naturais do corpo, as endorfinas, aumentam
  • o sistema imune fica mais forte
A investigação mostra também que não é preciso ser apaixonado por animais para ter todos estes benefícios saudáveis, basta passar 10 ou 15 minutos a acariciar um animal amigável. Os cães usados para terapia já demonstraram ajudar as pessoas num vasto leque de condições como autismo, doença de Alzheimer, cancro, doenças mentais, acidente vascular cerebral, traumatismos na medula espinal etc. O Dr. Dawn Marcus, decidiu estudar o impacto de uma breve visita de um cão de terapia na Clínica de Dor de Pittsburgh, sobre os pacientes com fibromialgia e os resultados foram publicados na revista Pain Medicine.


Neste estudo foi usado um Wheaten Terrier com 18 quilos, numa zona de espera para a consulta da dor. Quando os pacientes com fibromialgia tinham que esperar pela consulta tinham duas salas à escolha: uma com televisor e revistas e outra com o cão. Antes de entrarem nas respectivas salas as pessoas foram interrogadas sobre os seus sintomas. Depois de passarem 15 minutos na sala foram interrogados outra vez. Neste projecto 84 pessoas com fibromialgia usaram a sala com o cão e 49 usaram a sala tradicional.

O que se descobriu:
  • passar tempo na sala tradicional não melhorou nem piorou os sintomas 
  • passar tempo na sala com o cão reduziu significativamente a dor, a ansiedade e o stress

A dor foi avaliada usando uma escala de zero para 'sem dor' a 10 para 'dor lancinante'. Nos estudos médicos, normalmente, é requerida uma descida de pelo menos 2 pontos nesta escala de dor para se dizer, clínicamente, que houve alívio da dor.

O alívio na dor, com significado clínico, ocorreu em 1 em cada 3 pessoas que passaram tempo com o cão de terapia - 34%. Também melhorou a disposição das pessoas o que não aconteceu na sala com televisão e revistas. Nesta sala a melhoria da dor ocorreu em 4% das pessoas e a disposição que tinham não mudou.

  • Antes de entrarem na sala de espera, 20% das pessoas sentiam-se calmas, tranquilas e alegres.
  • As que entraram na sala de espera tradicional não sentiram diferença na disposição
  • As que entraram na sala com o cão de terapia, 60% das pessoas sentiam-se calmas, tranquilas e alegres.
  • Os resultados obtidos não sofreram influência do factor de as pessoas estudadas gostarem mais de cães ou gatos.


O que é que este estudo pode ensinar aos médicos?

Ninguém pensaria que o facto de apenas se passar tempo com um cão seria eficaz para melhorar os sintomas da fibromialgia, o que pode fazer grande diferença na vida de um fibromiálgico. Quando as pessoas se sentem mais relaxadas antes de uma consulta conseguem estabelecer melhor comunicação com o médico e tiram mais benefícios das outras terapias que possam fazer. 

Os profissionais de saúde deveriam considerar a possibilidade de terem cães de terapia nas suas salas de espera. Claro que é normal que resistam, dado aos poucos estudos feitos sobre este tema, aos possíveis custos envolvidos e também à disponibilidade necessária. No entanto este estudo oferece uma base para se começar a pensar nesta hipótese.


O que podem as pessoas com fibromialgia aprender com este estudo?

Se tem um animal em casa e já pensou "sinto-me melhor, menos stressado, quando passo tempo com o meu cão", já validou este estudo.
Agora sabe que este hábito faz bastante mais do que o distrair das suas dores; para além de melhorar os sintomas e fortalecer o sistema auto-imune, pode ser uma boa preparação para relaxar, fazer exercício, etc.

    Então e se não tiver uma mascote?

    Pode considerar um voluntariado num abrigo para animais. É sempre necessário mais alguém para passear os animais, dar-lhes mimo, o que pode garantir-lhe uma dose de terapia sem acrescentar a responsabilidade diária de ter um animal em casa.

    Os animais dedicam um amor incondicional aos seus donos sem os julgarem por terem alguma doença que a maior parte das outras pessoas não compreende. Dependendo do animal, pode ser caro ou exigir mais tempo para satisfazer as suas necessidades para bem-estar. Por outro lado tem carinho e apoio incondicionais e motivos para sorrir, mesmo nos dias piores.

    Em último recurso quem terá melhor informação sobre se existe terapia com animais perto da sua zona de residência será o veterinário local e não o seu médico.
    Experimente, mesmo que seja a passar algum tempo com o animal de um amigo, e logo vê se quer repetir ou não.

    Estórias de ternura




    Esta impressionou-me um pouco mas serve para mostrar que qualquer animal é capaz de nos dar atenção e carinho






    Eu sempre fui "uma pessoa de cães". Há uns anos atrás houve um gato minúsculo que "me adoptou" - saiu de uma carrinha depois de ter viajado 30 Km em cima do motor. Passados 4 anos houve mais uma gata que também "me adoptou" - com uma pata completamente deslocada porque foi atirada de um carro em andamento.
    Tive custos com eles, sim. A gata precisou de cuidados do veterinário, o gato destruiu as cortinas da sala e ambos foram esterilizados. Hoje em dia o custo é do alimento (ração seca) e da areia para o caixote, ambos em sacos pesados que alguém faz o favor de trazer até minha casa.

    O que me dão? Muito!
    Nunca estou sozinha em casa, tenho duas sombras sempre comigo. Quando me sinto pior eles "sentem" e aproximam-se de mim como se fossem duas almofadinhas quentes. Inclusive, se tiver uma zona do corpo com mais dor é aí que se encostam. Estão sempre atentos a mim.
    Dores de cabeça? Também. Dois gatos saudáveis em casa fazem diabruras sem fim e há dias em que me canso ao tentar que não me destruam isto ou aquilo... Resultado? Muitos sorrisos e até gargalhadas.

    Hoje sei que os gatos são mais "confortáveis" do que os cães. Aprendem imediatamente que o lugar para as necessidades é o "caixote", não precisam que os vá passear com uma trela nem têm força suficiente para me puxarem ou empurrarem.
    Aconchegam-me, acompanham-me, confortam-me, aquecem-me e dão-me muito mais do que lhes dou a eles, incondicionalmente.

    Se podia viver sem eles? Se calhar podia, mas não era a mesma coisa...





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