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22 de abril de 2015

Os amigos presentes na depressão


Dados da OMS (Organização Mundial de Saúde) apontam que 75% das pessoas com depressão não recebem tratamento adequado, apesar desta afectar cerca de 340 milhões de pessoas e causar 850 mil suicídios por ano em todo o mundo, um suicídio a cada 40 segundos.

Actualmente, a depressão é apontada como a quinta maior questão de saúde pública pela OMS, sendo que até 2020 deverá estar em segundo lugar.

Os amigos, família e pessoas mais próximas têm um papel importante a representar na vida de alguém (que pode estar) deprimido.

Embora a sociedade actual demonstre, de modo geral, um maior conhecimento sobre a depressão, o que se vê, muitas vezes, é um conceito errado desta doença e dos seus sintomas.

Por se tratar de uma doença marcada por um estigma, nem sempre conseguimos identificar familiares ou pessoas próximas que estejam a lutar contra a depressão. Pior ainda: devido às concepções erradas sobre os diferentes modos de manifestação da doença, e o tipo de ajuda a ser procurado, muitos indivíduos que sofrem de depressão não recebem o devido diagnóstico.

O resultado disso é que muitos indivíduos convivem com uma depressão 'mascarada' – ou seja, invisível para as pessoas que os cercam, ou mesmo para eles próprios. Além disso, nos casos em que não recebeu o diagnóstico adequado, o indivíduo tenderá a lidar com os seus problemas de modo a esconder a depressão, e terá dificuldade em reconhecer os verdadeiros sintomas da doença.



É preciso pôr de lado a ideia de que o sofrimento é sempre visível. Deste modo, será possível compreender melhor e oferecer ajuda aos que lutam contra as doenças não manifestas. 

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Oito atitudes típicas de pessoas que têm depressão, mas não demonstram


1. Talvez “não pareça deprimida”

Influenciados por estereótipos culturais e veiculados pela comunicação social, muitos têm uma imagem errada do comportamento e da aparência do indivíduo com depressão. Na visão do senso comum, esta pessoa raramente sai de seu quarto, veste-se com desleixo, e parece estar sempre triste. Porém, nem todos os que sofrem de depressão têm o mesmo comportamento.

Claro que os indivíduos são diferentes, assim como variam os sintomas e a capacidade de cada um de lidar com a doença. Muitos conseguem exibir uma capa de boa saúde mental – como mecanismo de autoprotecção –, mas o fato de serem capazes de fazê-lo não significa que sofram menos. Do mesmo modo, as pessoas incapazes de mostrar tal capa não são mais “fracas” que as outras.

2. Pode parecer exausta, ou queixar-se de um cansaço constante

Um efeito colateral da depressão é um cansaço permanente. Embora este sintoma não se manifeste em todos que sofrem de depressão, é muito comum. Em geral, é um dos piores efeitos secundários desta doença.

Além disso, se o indivíduo não recebeu o diagnóstico de depressão, a causa deste cansaço pode ser uma incógnita. Mesmo que durma um número suficiente de horas à noite, talvez acorde na manhã seguinte como se tivesse dormido pouco. Pior do que isso: talvez se culpe a si mesmo, atribuindo isso a preguiça ou então que algum problema da sua personalidade esteja a causar esta sensação de fraqueza e falta de energia.

Se o indivíduo já foi diagnosticado com depressão, pode tentar ocultá-la dos amigos e colegas. Isso porque esta sensação de cansaço afecta o seu ritmo de trabalho e também os relacionamentos pessoais.


3. Pode ficar mais irritadiça

O comportamento de uma pessoa com depressão pode ser interpretado, erradamente, como melancolia. É muito comum que a pessoa deprimida fique mais irritadiça, e que isso não seja interpretado como um sintoma da doença. Isso é compreensível, já que a depressão não é problema de saúde “visível”, e tampouco pode ser medido com precisão – o que dificulta o combate à doença.

Além disso, o esforço constante exigido do indivíduo para lidar, ao mesmo tempo, com as inúmeras exigências da sua vida quotidiana e com a depressão, gasta as suas energias, deixando-o impaciente e incapaz de ter compreensão exacta sobre as coisas. A tendência para mostrar impaciência e para se irritar com facilidade é, na verdade, um efeito secundário da depressão.

4. Pode ter dificuldade em corresponder ao afecto e preocupação das pessoas ao redor

A ideia mais errada em relação à depressão é que ela causa um sentimento de tristeza.
Pelo contrário: muitas vezes, o indivíduo com depressão não sente nada; ou então vive as emoções de modo limitado ou passageiro. Depende de cada caso, mas muitos relatam um sentimento parecido com o “torpor”, e o mais próximo que chegam de uma emoção é uma espécie de tristeza, ou irritação.

Deste modo, o indivíduo terá dificuldade para corresponder de modo adequado a gestos ou palavras afectuosas. Ou então nem se dá ao trabalho de manifestar qualquer reacção. É possível que o seu cérebro tenha dificuldades em processar e corresponder ao seu afecto e carinho.

 5. Talvez se recuse a participar em actividades de que gostava muito

Uma atípica falta de interesse em participar de actividades – e durante um longo período – pode ser um sinal de depressão. Esta doença drena a energia do indivíduo tanto no plano físico quanto no mental – o que afecta a sua capacidade de sentir prazer com as actividades quotidianas.

6. Talvez passe a ter hábitos alimentares incomuns

O indivíduo deprimido desenvolve hábitos alimentares incomuns por duas razões: como um modo de lidar com a doença, ou como um efeito secundário da ausência do cuidado consigo mesmo. Comer pouco ou em demasia é um sinal comum de depressão. A ingestão excessiva de alimentos é vista como vergonhosa, e neste caso a comida talvez seja a principal fonte de prazer da pessoa com depressão, o que a faz comer além do necessário.

Quando o indivíduo depressivo come pouco, em geral é porque a doença está a afectar o seu apetite, transformando o acto de comer em algo desagradável. Isso também pode ser uma necessidade subconsciente de controlar algo, já que não é capaz de controlar a depressão.

7. Os outros podem passar a exigir mais de alguém deprimido

Naturalmente, as funções vitais de um indivíduo com depressão não podem ser as mesmas de alguém com boa saúde mental. Haverá coisas que ele não será capaz de fazer com a mesma frequência, ou abandonará de vez. Perturbá-lo ou fazer com que ele se envergonhe por causa disso só tende a causar mágoas, em vez de ajudar. Se a depressão é um assunto que ele tem tido dificuldade de abordar, será igualmente difícil para ele lidar com alguém que fique irritado diante da sua incapacidade de agir do mesmo modo que uma pessoa mentalmente sadia.

Por isso, convém sempre ser compreensivo com as pessoas, seja do seu círculo profissional ou do pessoal. Não há como saber se um indivíduo está simplesmente com um ritmo mais lento, ou se está enfrentando um verdadeiro problema de saúde.

8. Uma pessoa com depressão pode ter 'dias piores' e 'dias melhores'

Trata-se de uma doença com altos e baixos. Se o indivíduo sofre de uma depressão mascarada, ou não diagnosticada, pode parecer que as suas flutuações de humor são aleatórias, dependendo da regularidade de sua depressão. Para si (e mesmo para ele, no caso de não ter recebido um diagnóstico), talvez não haja uma motivação para as alterações de humor, mas esta é simplesmente a maneira como a depressão se manifesta em algumas pessoas.

Se você sabe que o indivíduo sofre de depressão, poderá ter a falsa impressão de que ele, tendo passado por uma sequência de dias “bons”, está definitivamente curado. O facto de ele ter passado um dia melhor do que na véspera pode ser excelente, mas convém que lhe peça para ele deixar claro o que consegue ou não fazer, e em que momentos.

Concluir que o indivíduo que sofria de depressão está plenamente recuperado, ou forçá-lo a retomar rapidamente a rotina normal poderá sobrecarregá-lo, e fazer com que ele se “retraia” novamente. Ofereça apoio ao amigo ou parente com depressão, mas deixe que ele tome as decisões necessárias.

escrito por Jane Scearce
traduzido para CONTIoutra pelo tradutor e revisor Luís Gonzaga Fragoso

Neste vídeo, publicado pela Oficina de Psicologia, em apenas 1 minuto pode perceber como a depressão é sentida por uma pessoa doente e descrita por uma amiga próxima.

(O vídeo tem legendas em português. Se não aparecerem automaticamente pode activá-las, carregando no rectângulo com 2 linhas que aparece no canto inferior direito.)




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Pode sempre dirigir-se ao Serviço de Urgência do seu Hospital de referência ou ao seu Centro de Saúde. O mais importante é PEDIR AJUDA.


@ CONTIoutra
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