Ainda a propósito da Circular Normativa nº 12, onde se enumeram factores de risco para contrair fibromialgia, altamente duvidosos e ultrapassados, bem como se descrevem as características da personalidade 'pró-dolorosa', pensei ser inadiável a pesquisa sobre este tema, sobre os últimos resultados de investigações.
O artigo que se segue pareceu-me o mais credível em termos de suposições e teorias. Este artigo foi redigido em 2014, ao contrário da dita Circular que tem data de 2004 e baseia-se em resultados de investigações e estudos levados a cabo por entidades que são credíveis e habilitadas para os fazer: a 'Associação Nacional de Fibromialgia' dos Estados Unidos, a Fundação da Artrite e ainda o 'Instituto Nacional da Artrite e Doenças Músculo-Esqueléticas e de Pele'. (ver Fontes, no fim da página)
Existem várias teorias sobre as causas da fibromialgia, desde desordens hormonais, passando pelo stress até causas genéticas. Enquanto não existe um consenso claro sobre o que causa fibromialgia, a maior parte dos investigadores acreditam que a fibromialgia resulta não de uma única causa mas de uma combinação de vários factores tanto físicos como emocionais.
Alguns especularam sobre níveis baixos de um neurotransmissor cerebral chamado serotonina, que causam um baixo limiar de dor ou uma sensibilidade aumentada à dor. A serotonina está associada com uma reacção calmante, redutora da ansiedade.
Os baixos limiares de dor nos pacientes com fibromialgia podem ser causados pela redução efectiva da produção de endorfinas, os analgésicos produzidos pelo nosso corpo e o aumento da presença de uma substância química à qual se chama "substância P", responsável pela amplificação dos sinais de dor.
Existem alguns estudos que ligam a fibromialgia a um trauma súbito no cérebro e medula espinal.
De qualquer forma, as teorias sobre o que causa a fibromialgia são, sobretudo, especulativas.
Quem tem fibromialgia?
A fibromialgia é muito mais comum nas mulheres do que nos homens. Alguns estudos de interesse mostram que as mulheres têm, aproximadamente, sete vezes menos serotonina no cérebro. Isso pode explicar a maior incidência da fibromialgia e da síndrome de fadiga crónica, no sexo feminino.
Outra teoria afirma que a fibromialgia é causada por mudanças bioquímicas no corpo e pode estar relacionada com mudanças hormonais ou com a menopausa. (Penso que neste caso não se justificaria a existência de homens, crianças e adolescentes afectados com esta doença.)
Também se sabe que algumas, não todas, as pessoas com fibromialgia, têm níveis baixos da hormona do crescimento humana, o que pode contribuir para as dores musculares. Esta hormona tem também uma função importante no metabolismo.
A fibromialgia pode ser causada pelo stress?
Alguns investigadores teorizam que o stress ou uma pobre condição física são factores a ter em conta como causas de fibromialgia. Outra teoria sugere que microtraumas nos músculos podem causar um ciclo contínuo de dor e fadiga. Este mecanismo, como todos os outros, não está ainda provado.
A fibromialgia pode ser causada pela insónia?
A maior parte das pessoas com fibromialgia sofrem de insónia ou têm um sono não restaurador - um sono que é ligeiro e que não ajuda a recuperar a energia. Desordens no sono podem levar a um baixo nível de serotonina, o que resulta numa maior sensibilidade à dor. Investigadores chegaram a testar um grupo de mulheres com privação de sono e conseguiram que o limiar de dor se tornasse mais baixo.
A depressão está ligada à fibromialgia?
Alguns cientistas acreditavam que, por causa da fibromialgia ser normalmente acompanhada por uma depressão, poderia haver uma ligação entre as duas doenças.
Hoje em dia, problemas de saúde mental já foram descartados como causa de fibromialgia. O que acontece é que a dor crónica pode causar sentimentos de ansiedade e depressão o que, por sua vez, agrava os sintomas da fibromialgia.
A fibromialgia é hereditária?
Tal como outras doenças reumáticas a fibromialgia poderá ser resultado de uma tendência genética passada de mãe para filha.
Alguns investigadores acreditam que os genes de uma pessoa podem regular a forma como o seu corpo processa os estímulos de dor. Estes cientistas defendem a teoria de que as pessoas com fibromialgia podem ter um gene ou genes que causem uma reacção intensa a estímulos que outras pessoas não entenderiam como provocando dor.
Já se descobriram vários genes que aparecem mais frequentemente em pessoas com fibromialgia. Pensa-se que, quando uma pessoa predisposta ou com tendência genética, é exposta a determinados traumas físicos ou emocionais - tais como uma ocorrência traumática ou uma doença grave - ocorre uma mudança na resposta do corpo ao stress. Esta mudança pode resultar numa maior sensibilidade de todo o corpo, à dor.
Quais os factores de risco para a fibromialgia?
Factores de risco são características distintas que os investigadores identificaram como podendo aumentar o risco de contrair determinada doença.
Enquanto os investigadores já identificaram alguns factores de risco comuns em mulheres com fibromialgia, existem muitas pessoas com fibromialgia que não estão sujeitas a nenhum destes factores.
Existe sim a fibromialgia associada a algumas doenças como osteoartrite, artrite reumatóide, lúpus sistémico eritematoso ou outras doenças auto-imunes.
Existem também fibromiálgicos sem nenhuma outra doença associada.
Os factores de risco para a fibromialgia incluem:
- género - usualmente são mulheres
- predisposição genética - pode ser hereditário
- menopausa - perda de estrogénio
- má condição física
- cirurgia
- trauma no cérebro ou medula espinal - depois de um acidente, doença ou stress emocional
Como explico a fibromialgia à minha família e amigos?
Não existe uma única teoria que explique as causas da fibromialgia. Também não se sabe o que causa o aparecimento das crises na fibromialgia.
Seja qual for a causa, a dor crónica, os pontos sensíveis e a insónia ou sono não restaurador aumentam a fadiga e a depressão. Estas, por sua vez, causam ansiedade, actividade reduzida e, por consequência, aumentam a dor.
O sono não reparador, sem a fase de sono REM, pode reduzir os níveis de energia. Se for contínuo leva à redução da habilidade do corpo em reparar tecidos 'estragados'.
Assim que o médico faça um diagnóstico de fibromialgia, pode-se começar um tratamento efectivo de forma a manter os sintomas sob controlo e preservar, tanto quanto possível, a qualidade de vida.
Fontes:
Arthritis Foundation: "Fibromyalgia: What Causes It?"
National Fibromyalgia Association: "What Causes Fibromyalgia?" and "Understanding Fibromyalgia and Chronic Pain."
McIlwain, H. and Bruce, D. The Fibromyalgia Handbook, Holt, 2007.
National Institute of Arthritis and Musculoskeletal and Skin Diseases.
Arthritis Foundation: "Fibromyalgia: What Causes It?"
National Fibromyalgia Association: "What Causes Fibromyalgia?" and "Understanding Fibromyalgia and Chronic Pain."
McIlwain, H. and Bruce, D. The Fibromyalgia Handbook, Holt, 2007.
National Institute of Arthritis and Musculoskeletal and Skin Diseases.
Revisto por Melinda Ratini, DO, MS em Abril 04, 2014
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