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18 de março de 2015

8 coisas que não pode fazer a uma pessoa deprimida


Sinto-me perdido dentro de mim mesmo
"Carmen" pensa que tem muito o que fazer mas vê-se incapaz de se levantar do sofá. Passa dias assim ou, quem sabe, semanas a pensar em tudo o que deveria fazer mas não faz. Não encontra forças para o fazer. É uma sensação estranha. Algo assim como se estivesse abatida em combate, como se fosse um qualquer soldado derrubado numa qualquer guerra.

"Ela" foi uma pessoa extremamente activa não há muito tempo atrás mas agora não sabe como sair deste círculo vicioso, como voltar a sentir interesse pelas coisas, como encontrar forças para encarar novas iniciativas. Tudo lhe parece uma tarefa enorme e, o pior de tudo, não consegue sentir-se melhor. A tal ponto que começa a assumir que este vai ser o seu estado a partir de agora.

sensum @ deviantart

A tristeza patológica, mais conhecida como depressão, afecta aproximadamente 5% dos espanhóis e calcula-se que 10% da população espanhola passará por um episódio depressivo ao longo da sua vida.

Se os peritos já há muito tempo previam que a depressão será uma das epidemias do séc. XXI, prevê-se agora que dentro de 15 anos vai converter-se na primeira causa de invalidez a nível mundial.

Recentemente a Fundação Espanhola de Psiquiatria e Saúde Mental alertou para o facto de: embora haja aumento de fármacos antidepressivos, existe o paradoxo de que grande parte dos seus consumidores não sofrem de depressão. Dos que realmente sofrem de depressão, metade deles consulta  apenas o médico de família e a depressão não é diagnosticada, logo continuará sem tratamento ou medicação.

Estes são os números, os dados, as probabilidades.
Porém, a depressão é muito mais do que isso, porque é um problema com um impacto terrível na vida das pessoas. Porque não afecta apenas a pessoa deprimida mas também todos os que a rodeiam. Embora desse facto se fale muito menos.

Ao falar de casos como o de "Carmen" (a depressão afecta sobretudo mulheres entre os 30 e os 40 anos), não se conta a história do marido angustiado que insiste em dizer à mulher "vamos lá, anima-te" ou lhe propõe constantemente planos, tentando vê-la mais activa, sem saber que, na realidade, tudo isso afunda muito mais a sua mulher.
Também não se fala da mãe que se esforça por escutá-la e que acaba por a fazer sentir pior quando reconhece que tem razão e que tudo está mal. Não se fala da amiga que prefere contornar o assunto argumentando que não é necessário fazer uma tempestade num copo de água e que tudo é apenas uma fase.

Esquecemos que as primeiras pessoas a detectarem uma depressão não são os médicos, e sim as pessoas mais próximas do doente. Ninguém diz que para eles não é nada fácil. Ver alguém de quem gostas atravessar uma situação assim é frustrante e provoca angústia. 
Todos gostaríamos de saber o que fazemos mal, como deveríamos actuar diante dessa depressão, quando afinal a única coisa que queremos é: AJUDAR.

Vamos então ver quais são as falhas mais comuns e como os especialistas ensinam a corrigi-las.

1. Não banalize a situação uma vez que se trata de um problema e ajuda é essencial

Tendemos a pensar que, quando uma pessoa é negativa ou se sente triste, mudar esse estado é uma questão de atitude, mas nem sempre é tão fácil como parece. "É importante assumir a dificuldade de ultrapassar uma depressão, que não é apenas falta de vontade do deprimido mas sim a própria depressão que anula a vontade de uma pessoa" comenta o psicólogo clínico Miguel Rizaldos, insistindo que banalizar o problema não ajudará a enfrentá-lo. Tal como um problema físico necessita de tratamento, um problema psicológico precisará da ajuda de um profissional de saúde.

2. Não tente ver o problema da sua própria perspectiva, tente criar empatia

"Calçar os sapatos do outro nos seus próprios pés e caminhar com eles, ajuda a perceber as suas circunstâncias, orienta para o que o outro necessita", recomenda a psicóloga Raquel Romeral. Não assuma que já percebeu tudo, na dúvida, pergunte.

3. Não caia na tentação dos "anima-te!"

Essa é a frase preferida, por defeito, como se um "anima-te" possa resolver tudo, como se a pessoa deprimida nem se tivesse apercebido que era tão fácil resolver o problema. A intenção é boa mas o efeito não.
Segundo a especialista Raquel Romeral o deprimido pode até sentir-se desrespeitado em relação ao que está a vivenciar e pode também sentir-se culpado por "se ter metido naquela situação".
Também Miguel Rizaldos afirma que frases do género "tens que ser positivo", "vamos, alegra-te" ou "sei como te sentes", podem provocar exactamente o oposto do que queremos: mais culpa e tristeza.

4. Sugira ou proponha, não imponha 

Pode ser que, em algumas ocasiões, sair da rotina ajude a mudar as perspectivas. 
A questão é como conseguimos tirar a pessoa deprimida de casa?
"Está demonstrado que quanto mais actividades agradáveis se realizem, melhor será o ânimo mas, tendo em conta que a pessoa deprimida não se sente disposta a essas actividades, convém que os nossos pedidos ou sugestões não pareçam uma imposição", esclarece Rizaldos.

5. Não assuma as decisões ou responsabilidades da pessoa deprimida

Quando alguém que nos é querido nos preocupa, acabamos por nos pôr em modo de "cuidador". Por vezes acabamos por anular a pouca vontade que lhe resta, embora com a melhor das intenções.
Tente encontrar um equilíbrio, ajudando mas não substituindo.
A psicóloga do gabinete RgR explica um pouco melhor: "Como familiar ou companheiro, assumimos como próprias as decisões, tarefas e responsabilidades da pessoa que está triste e, dessa forma, sem darmos conta, podemos ser cúmplices na construção de dinâmicas que mantenham a situação de depressão mais tempo do que o necessário".

6. Não alimente o discurso negativo

Mais uma vez, a chave está no equilíbrio. Não podemos dizer à pessoa deprimida que o que ela sente é normal ou banal nem, tampouco,  podemos ir ao outro extremo e acabar por dar mais argumentos para ver tudo negro.
"Não de devem alimentar as queixas ou fomentar os discursos negativos", afirma Miguel Rizaldos que aconselha desviar a conversação para outros temas, de forma subtil, com frases do tipo "acho não é bom para ti falar de coisas que te fazem sentir mal", ou "compreendo que, no estado em que estás, vejas tudo tão negativo, mas acredito que não é bom que eu te incentive. Que te parece se falarmos de outras coisas, por exemplo..."

7. Não recrimine, valorize

A pessoa que está deprimida sente-se muito mal, mas quem vive com ela ou a acompanha não tem um caminho de rosas, nem nada que se pareça. É fácil reprovar, recriminar mas antes de o fazermos temos que respirar fundo e pensar que, se realmente queremos ver a pessoa a sair da depressão, ela precisa de se sentir valorizada e não sentir-se ainda pior consigo própria.
Nesta situação a frase que Rizaldos aconselha é muito simples: "Sei que te sentes mal mas eu acredito em ti, és fantástico". O especialista diz ainda que "por muito que possa parecer uma afirmação forçada é fundamental transmitir que lhe dás valor e que é uma pessoa importante para ti, não podemos esquecer-nos que provavelmente a pessoa deprimida perdeu a esperança e a confiança em si própria".

8. Não tente substituir um profissional


Podemos ser amigo, mãe, companheira mas, vamos lá assumir, não somos um psicólogo e não devemos tentar sê-lo.
"Se as soluções que a própria pessoa e quem lhe é próximo não estiverem a dar resultado, nesse caso, é preciso mudar de estratégia e consultar um psicólogo", recorda García Romeral.
Não podemos esquecer que todos temos limites e, se é fundamental ajudar, há certos problemas que devem ser postos nas mãos de um profissional.



Original @ El País
em 16 Março 2015

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